02 março, 2010

Alarmismo inadvertido

“Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isso será o início das dores” (Mt 24.7,8 - NVI).

Por Sandro Moraes

O terremoto ocorrido no Chile no fim de semana menos de dois meses depois do terremoto do Haiti, oitocentas vezes mais forte, embora com quantidade bem menor de vítimas porque a origem do tremor foi no oceano, impulsionou os alarmistas a apregoarem que o fim do mundo está próximo ou que o retorno de Cristo é iminente. O texto bíblico imediatamente lembrado é o do Evangelho de Mateus supracitado. Esses dois versículos estão inseridos num contexto em que Jesus Cristo indicava os sinais de sua vinda em resposta à pergunta dos discípulos: “Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos?” (Mt 24.3b).

De acordo com Tim LaHaye:

“Por causa de sua assustadora intensidade, os tremores de terra foram sempre considerados um sinal do juízo de Deus, ao menos desde Sua destruição de Sodoma e Gomorra. Os terremotos têm sido o meio de Deus chamar a atenção do homem. Quando as coisas vão bem e o homem sente-se seguro, ele raramente pensa em Deus. Entretanto, quando seus arranha-céus “à prova de tremor de terra” começam a balançar, o homem olha para algo maior do que ele. O tremor de terra vigoroso horroriza o homem. E bem que deve.”[1]



Interessante que na mesma obra de onde foi extraída a citação acima, Tim LaHaye conta em seguida a experiência de ter falado em San Diego no Rotary Club para cerca de 700 pessoas e percebeu que sua apresentação evangélica entediava o público presente. Bastou um tremor de terra por alguns segundos que chacoalhou tudo no salão, para Tim conquistar a atenção de todos.   

Aguardar o arrebatamento: uma atitude sábia

Embora pareça coerente acreditar que haverá um aumento na freqüência de terremotos como preparação do cenário para a segunda vinda de Cristo juntamente com os demais sinais narrados por Cristo, é temeroso usar os abalos sísmicos do Haiti e Chile como cumprimento profético do capítulo 24 de Mateus e como sinais da iminência do segundo advento.

As guerras, fomes, terremotos e falsos cristos de Mateus 24 referem-se à primeira metade da tribulação de sete anos logo após o arrebatamento da igreja. Correspondem aos quatro primeiros julgamentos dos selos do capítulo 6 de Apocalipse, acontecimentos que não possuem nenhuma relação com a atual era da igreja. É necessário que a igreja saia de cena para que o Espírito Santo finalize o seu ministério de detenção que impede o surgimento do Anti-Cristo no cenário mundial para dar início à tribulação (2 Ts 2.6-8). Com o arrebatamento da igreja e o encontro desta com o Senhor Jesus nos ares, o Espírito Santo será retirado e sua atuação na terra será semelhante à do período veterotestamentário para ungir em situações especialíssimas (neste caso os 144 mil evangelistas judeus e as duas testemunhas, por exemplo).

A retirada da igreja dará início ao ‘tempo de angústia para Jacó’ (Jr 30.7). A tribulação e a Grande Tribulação que caracteriza a segunda metade dos sete anos serão a forma de Deus tratar da cegueira espiritual e quebrar o endurecimento de Israel, levando-o à conversão. Após o fim desse período ocorrerá o segundo advento de Cristo que será visível ao mundo (Mt 24.30) e conseqüente destruição do Anti-Cristo (2 Ts 2.8).  

E as Escrituras indicam que haverá sinais da segunda vinda: “Assim também quando virem todas estas coisas, saibam que ele está próximo, às portas” (Mt 24.33). Porém, não haverá sinais antecedentes ao arrebatamento: “Assim, vocês precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam” (Mt 24.44). A segunda vinda ocorrerá, portanto em duas fases: invisível antes da tribulação e após a tribulação “vindo nas nuvens com poder e glória”, de modo que “todo olho verá”*.

A remoção da igreja será invisível para o mundo. “Cristo aparecerá somente para Sua noiva enquanto a leva para o céu.”[2] A parábola das dez virgens em Mateus 25 parece sugerir que o arrebatamento será uma surpresa até mesmo para igreja. “O noivo demorou a chegar, e todas ficaram com sono e adormeceram” (Mt 25.5).

Mas podemos manter com esperança a perspectiva de sermos arrebatados a qualquer momento vivos para o céu, aleluia!

Já que não haverá sinais imediatamente antecedentes ao arrebatamento secreto, qual deve ser a atitude dos discípulos de Cristo na presente dispensação? Analisar terremotos e outras catástrofes naturais à luz das profecias bíblicas? Não. Não precisamos ser alarmistas preocupando-nos com isto. A atitude cristã normal é a de esperar, manter a expectativa pelo retorno iminente do Senhor Jesus como o apóstolo Paulo exortou os cristãos em suas cartas. Ele disse aos crentes que deveriam estar “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13-ARA).

A seguir alguns textos bíblicos que falam do arrebatamento:

“Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com essas palavras” (1 Ts 4.16-18).

“Pois eles mesmos relatam de que maneira vocês nos receberam, e como se voltaram para Deus, deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livra da ira que há de vir” (1Ts 1.9,10).  

“A nossa cidadania, porém está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso” (Fl 3.20,21).

 “Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (1 Co 15.51,52).

“Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam” (Hb 9.27,28).

E porque o arrebatamento deve ocorrer antes da tribulação para que a igreja não passe por ela? Por que Jesus disse que nos livraria da ira que há de vir (1 Ts 1.10;5.9; AP 3.10).

Devemos preservar a expectativa de que o arrebatamento pode acontecer a qualquer momento. Nada pode ser mais motivador: a bendita esperança de que a qualquer momento Jesus voltará e nos levará para Ele mesmo para que estejamos onde Ele está (Jo 14.3). Um arrebatamento iminente leva-nos a consagração e santificação de vida, a um compromisso com a evangelização e missões. Na história da igreja, esta sempre passou por momentos de avivamentos por conta da expectativa de um iminente arrebatamento.

Reflita acerca disto!

Em Cristo que disse que na casa do Pai, onde há muitas moradas, nos prepararia lugar.

Notas:

  1. LAHAYE, Tim & JENKINS, Jerry B. Estamos Vivendo os Últimos Dias? United Press: Campinas, SP, 2001, p 52.
  2.  HUNT, Dave. Quanto Tempo nos Resta? Provas Convincentes da Volta Iminente de Cristo. Chamada da Meia-Noite: Porto Alegre, RS, 1996, p 239.

*Foi Dave Hunt quem solucionou a aparente contradição entre os versículos 33 e 34 e os versículos 42 a 44 do capítulo 24 de Mateus afirmando que o retorno de Cristo ao mundo ocorreria em duas fases: arrebatamento e segunda vinda, no excelente "Quanto Tempo nos Resta?". Recomendo sua leitura.





       




    3 comentários:

    Ḁʯɍεℓȋѻ ϻ. Ͼ. Ɠסּɱҿʂ ® disse...

    Desculpe querido irmão
    já estou seguindo seu blog
    ele é uma benção

    Amo ler seus comentários e tenho prazer em responde-los

    "clique aqui http://aureliomcgomes.blogspot.com/"

    Fique na paz do Senhor
    Será um prazer ler seus comentários,
    Faça um Blogueiro mais feliz, COMENTE!

    Atenciosamente,
    "Aurelio MC Gomes - Blog Eu Sou o Mensageiro!"

    Duanny Jorge disse...

    Amigo Sandro Moraes,

    Suas colocações são sempre elucidativas. A temática Parousia está fincando com um certo hiato nas nossas igrejas atuais.
    Obrigado por explicar temas como esse.
    Você é um grande contribuidor para o Reino de Deus e um Mestre nas Escrituras!

    At.
    Duanny Jorge

    Sandro Moraes disse...

    Alexandre, já visitei o seu blog várias vezes, inclusive deixei um comentário no artigo "pagando o preço". Me tornei seu seguidor vários dias atrás, tá certo, amigo. Leia o comentário que fiz no seu blog. Abração! Paz!