13 abril, 2010

$ementes da extorsão - parte 1







“Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo dos céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!” (Gl 1.6-9 - NVI). 

Por Sandro Moraes

É impressionante o quanto é precário o senso crítico no meio do povo de Deus no tocante aos evangelhos enlatados da TV, a despeito das recorrentes advertências bíblicas de que nos últimos dias haveria uma grande apostasia e que seria pervertido o caminho da verdade numa escala crescente. As escrituras indicam desvios da verdade em escala global e não avivamentos, nos dias imediatamente precedentes ao arrebatamento. A adulteração perversa e cínica do evangelho como cumprimento das profecias é notória, contudo a ausência de discernimento parece crescer na mesma proporção.



A apresentação recente de Mike Murdock no programa de Silas Malafaia exibido em rede nacional pedindo R$ 1000,00 e prometendo bênçãos de Deus como recompensa pela doação é uma prova cabal de que tais profecias estão se cumprindo em nossos dias diante dos nossos olhos, mas infelizmente muitos preferem permanecer cegos a ter de admitir que super ungidos podem ser grandes apóstatas.

Observe que na carta aos gálatas o apóstolo Paulo faz um alerta perturbador: pode existir um outro evangelho, que não é o Evangelho, criado para perverter o genuíno Evangelho, que deve ser identificado e anatematizado (amaldiçoado) como falso evangelho.

O que Silas Malafaia tem apresentado com freqüência em seu programa são exemplos de um outro evangelho, difícil de ser realisticamente discernido até mesmo pelos crentes mais antigos, tamanha é a competência no discurso para camuflar as tortuosidades e dar a elas aparência de verdade. Usar um bom filtro é um desafio e uma necessidade premente.

Quero começar desfazendo alguns graves erros na forma de perguntas e respostas.

Erro número 1: Os "ungidos" de Deus estão acima e além das críticas

Os textos preferidos dos falsos mestres e falsos profetas da atualidade para defenderem sua intocabilidade ética, moral e doutrinária é o de Salmos 105.15 que diz: "Não toquem nos meus ungidos; não maltratem os meus profetas" e “Não maltratem os meus ungidos; não façam mal aos meus profetas” (1 Cr 16.22). Textos também usados por eles para ameaçar de morte quem se opõe aos seus ensinos e práticas. Os textos supracitados não sugerem que estamos proibidos de questionar esses líderes eclesiásticos. A expressão “ungidos” no AT refere-se aos reis de Israel e não aos profetas ou mestres. E quando é feita menção aos profetas, a referência é concernente aos patriarcas, a exemplo de Abraão que foi chamado de profeta em Gênesis. O que os textos em questão proíbem é a agressão física e não o questionamento moral. Foi o que Davi fez, não tocando no ungido do Senhor (Saul), ou seja, não o matou, mesmo quando teve chance. Quando os autoproclamados “ungidos do Senhor” usam tais textos para blindarem-se, acabam revelando-se como autoritários, arrogantes e manipuladores de multidões, estando longe de terem aquela humildade tão necessária a líderes -servos como o apóstolo Paulo.

Outro problema para os “ungidões” é que no NT todo cristão é ungido. 1 Jo 2.20: “Mas vocês têm uma unção que procede do Santo, e todos vocês têm conhecimento.” E 1 Jo 2.27 diz: “Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou.”

Um versículo adicional usado como escudo protetor por esses “homens e mulheres de Deus” é do capítulo 7 de Mateus: “Não julguem, para que vocês não sejam julgados (Mt 7.1). Só que o ensino de Jesus nesse contexto condena o julgamento hipócrita, como fica claro nos versículos 3 a 5: “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: 'Deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão”. Para exemplificar, seria o caso de um adúltero condenar uma prostituta.

A Bíblia nos autoriza e encoraja a sermos questionadores e a nossa postura imediata diante de ensinos estranhos é a do ceticismo e não a de crença cega. O exemplo dos bereanos fala alto: “Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo” (At 17.11).

O capítulo 23 do livro de Jeremias é um alerta gritante contra os falsos pastores e profetas mentirosos.

Jesus nos autorizou um tipo de julgamento numa base correta; é o julgamento dos falsos profetas: “Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos” (Mt 7.15,16). 


E quais seriam os frutos por meio dos quais poderíamos reconhecer os falsos mestres e profetas? Simples: a vida e o ensino deles.

Alguém ainda não totalmente convencido poderia questionar: mas esses mestres realizam milagres!? O anticristo e o falso profeta também apresentarão essas credenciais (sinais e prodígios da mentira) e também no capítulo 7 do Evangelho de Mateus Jesus dirá a muitos falsos profetas operadores de milagres: “Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?' Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!” (Mt 7.22,23). 


O Senhor Jesus também advertiu para que ninguém seja enganado porque muitos viriam em seu nome e enganariam a muitos (Mt 24.4,5). Ou seja, os dois últimos textos indubitavelmente afirmam que falsos profetas não vêm em nome do diabo e sim em nome de Jesus. 

Os legítimos representantes de Deus apresentam retidão de caráter e pureza doutrinária. 

É igualmente fundamental observarmos os seguintes textos: 

1 Jo 2.18,19,24: “Filhinhos, esta é a última hora e, assim como vocês ouviram que o anticristo está vindo, já agora muitos anticristos têm surgido. Por isso sabemos que esta é a última hora. Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos... Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no Filho e no Pai.”

Falsos mestres surgem no meio do rebanho cristão, razão pela qual devemos nos advertir uns aos outros sobre os falsos ensinos e desmascarar os hereges:

At 20.28,29: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos para pastorearem a igreja de Deus que ele comprou com o seu próprio sangue. Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho.”   

2 Pe 2.1: “No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.”

Rm 16.17,18: “Recomendo-lhes, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles. Pois essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam o coração dos ingênuos.”

1 Tm 1.3,4: “Partindo eu para a Macedônia, roguei-lhe que permanecesse em Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas, e que deixem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, que é pela fé.”       

A Bíblia nos adverte a mantermos distância dos falsos ensinos:

1 Tm 4.16: “Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois, agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem.”

2 Tm 1.13: “Retenha, com fé e amor em Cristo Jesus, o modelo da sã doutrina que você ouviu de mim.”

Tt 1.9; 2.1: “E apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela... Você, porém, fale o que está de acordo com a sã doutrina.”

Conclusão, há uma escalada de falsos ungidos e ensinos heréticos hodiernamente em cumprimento a muitos textos proféticos da Bíblia. Seja no tocante à famosos telepregadores ou escritores populares, em revanche, não devemos nos calar.

Acrescento: culto a personalidades é uma modalidade de idolatria; os ídolos são os autodeclarados ungidos, intocáveis... inatingíveis...  megalomaníacos heréticos. Ídolos de multidões.

As palavras do apóstolo João precisam ressoar: filhinhos, guardem-se dos ídolos!


Continua


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