11 março, 2019

A transubstanciação e a lógica: corpo ressurreto indestrutível de Cristo vs hóstia perecível e outras contradições

Por Sandro Moraes

A ressurreição de Cristo não foi uma experiência de retorno da morte semelhante a ressurreição de Lázaro (João 11.1-44). Malgrado houvesse continuidade na aparência física de Jesus antes de sua morte e após sua ressurreição, alguns textos sugerem alguma mudança em sua aparência depois de seu retorno à vida. Dois discípulos que conversavam a respeito dos fatos sobre a morte de Jesus não reconheceram o próprio Jesus quando este se aproximou deles e com eles conversou durante parcela considerável da caminhada para a aldeia Emaús (Lucas 24.13-29). Depois, quando Jesus apareceu aos 11 discípulos em Jerusalém, o texto registra que eles ficaram surpresos e atemorizados ao contemplarem o Senhor ressurreto acreditando estar vendo um espírito (Lucas 24.33,37). Mesmo quando Jesus lhes mostrou as mãos e os pés com as possíveis marcas da crucificação, o texto diz que eles, ainda assim, não acreditaram (Lucas 24.38-41). A perturbação na mente dos discípulos pode ser explicada por inicial descrença naquilo que era considerado imponderável. Outra possibilidade é que houvesse diferença suficiente no corpo de Cristo após a ressurreição para que ele não fosse reconhecido de imediato. 

Não obstante o corpo de Jesus ainda ser um corpo físico, o que os discípulos devem ter visto foi algo bem diferente do que estavam acostumados a ver. O corpo sujeito as dificuldades e dores da existência, as debilidades das doenças e envelhecimento deu lugar a um corpo radicalmente transformado. Na aparência não é absurdo especular que era um corpo restaurado a aparência plena da juventude em um vigor jamais visto: a perfeição da saúde. O apóstolo Paulo conta que no futuro os cristãos mortos irão ressuscitar e os seus corpos serão transformados; o antigo corpo corruptível de cada crente será revestido de incorruptibilidade, o que era mortal será substituído pela imortalidade (1Coríntios 15.51-53), o mesmo corpo glorificado de Cristo após ressurgir dos mortos; um corpo indestrutível. Mas em que todas estas considerações iniciais têm a ver com a missa católica e com a doutrina da transubstanciação? Em muita coisa.


Corpo incorruptível vs hóstia corruptível

Mais uma vez é a Escritura sagrada que desmascara o ensino da transubstanciação como fraude. O Salmo 16.10, um hino de Davi, diz: "Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção". Aqui trata-se de uma profecia messiânica cujo cumprimento supremo ocorre unicamente em Cristo. Esses versículos foram citados pelos apóstolos Pedro (Atos 2.25-28,31) e Paulo (Atos 13.35) em referência a ressurreição de Jesus. O salmista declarava a futura ressurreição do Messias, o seu livramento da morte cujo corpo não viu corrupção na sepultura, em hebraico Sheol. O corpo de Cristo não sofreu corrupção no túmulo, ao contrário, foi transformado em um corpo incorruptível, imortalizado, indestrutível. 

Pois bem, agora vem a pergunta que é a chave de compreensão da diferença entre o corpo ressurreto de Cristo e a hóstia consagrada e transubstanciada.

Como uma hóstia sujeita a mofo e caruncho se não for rapidamente consumida, portanto sujeita a se corromper, poderia ao mesmo tempo ser o corpo de Cristo que não pode ser corrompido?

De outro modo, como uma hóstia que é consumida no interior do estômago do católico, portanto destrutível, poderia ser ao mesmo tempo o corpo indestrutível de Cristo?

Alguma coisa parece não funcionar bem, e é a doutrina católica. Ela é claramente ilógica e, pior, antibíblica.  

Vamos brincar um pouco mais com raciocínios lógicos. Como, durante a Santa Ceia ministrada pelo próprio Senhor Jesus, os pedaços de pão perecíveis que Ele distribuiu poderiam ser simultaneamente o seu mesmo corpo de glória imperecível? 

Fazendo as devidas conexões hermenêuticas podemos seguramente concluir que quando Jesus disse "tomai, comei, isto é o meu corpo" (Mateus 26.26), nenhum dos discípulos fez uso de um literalismo radical para imaginar que o pão que Jesus segurava fosse o seu próprio corpo. A menos que o panteísmo, cuja crença é Deus é tudo e tudo é Deus, habitasse suas mentes, eles jamais alimentariam a fantasia de que o pão que Jesus segurava era literalmente o seu corpo físico. Mas o panteísmo nunca fez parte da mente hebraica dos tempos do Antigo Testamento ou dos judeus da época de Cristo. O pão corruptível da ceia jamais poderia ser o corpo ressurreto incorruptível do Senhor.

Sobre a eucaristia ou missa o catecismo católico afirma: 

"A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura também enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. Cristo está presente inteiro em cada uma das espécies e inteiramente em cada uma das partes delas, de maneira que a fração do pão não divide o Cristo" (Editora Vozes, p. 380, #1377, 1993).

Quer dizer que, segundo o entendimento católico, cada uma das espécies de milhões de hóstias corruptíveis espalhadas pelo mundo nas missas são literalmente o corpo incorruptível de Cristo? Quanta imaginação! 

Deliberadamente a igreja católica ensina uma doutrina que não pode ser aprovada pelas Escrituras. A transubstanciação é, indubitavelmente, outra tradição humana que contraria a palavra de Deus. 

Com amor um estímulo a reflexão ao católico romano. Você prefere comer o "corpo de Deus" ou crer em Cristo para a sua salvação? Você acredita mesmo que uma criatura pecadora e finita poderia literalmente "comer" o corpo apropriado para habitação no céu do Deus supremo e infinito? Prefere manter-se escravo de uma igreja há séculos apóstata confirmada pela própria história de crimes e heresias agregadas em doutrinas oficiais de seu catecismo em uma profusão de dezenas de ensinos contrários a palavra revelada de Deus aos homens, as Escrituras Sagradas? Irá continuar a crer em tradições de homens que rejeitam ensinos claros da Bíblia?  Prefere crer na Bíblia ou no "cristianismo" que não crê nela? 

Pense nisso. É a decisão mais importante de sua vida. Que Deus lhe conceda sensibilidade espiritual para enxergar a mentira que escraviza todo o seu ser para ser livre em Cristo, a verdade suprema.


No próximo e último artigo da série que analisa a missa e a transubstanciação: quando Jesus disse "tomai, comei, isto é o meu corpo", ele estaria falando sobre canibalismo? Aguarde!    

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