05 abril, 2011

Bolsonaro: denúncias necessárias sem o amor imprescindível

A questão homossexual

Equívocos de posições "cristãs" no Brasil

Que o homossexualismo é pecado não há dúvida. Que o estilo de vida sodomita é condenado nas Escrituras é igualmente indubitável. Que a relação homem com homem ou mulher com mulher é um projeto de vida contrário à família e principalmente aos princípios divinos escrituristicamente revelados não se discute - embora alguns tentem. 


Levítico 18.22 - Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é. (ACRF)

Levítico 20.13 - Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte (NVI).

Romanos 1.26,27 - Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão (NVI).

1 Coríntios 6.9,10 - Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus (NVI).

Judas 7 - De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais. Estando sob o castigo do fogo eterno, elas servem de exemplo (NVI).


Nem o mais desvairado esforço para relativizar ou desconstruir o significado dos versículos mencionados supra obterá êxito. Nenhuma "ginástica" exegética é capaz de solapar a comunicação clara e objetiva dos textos: homossexualismo é pecado, quer o leitor concorde ou não, aceite ou não.

A campanha pró-gay em produções de novelas globais deve ser sempre denunciada. A tendência das criações hollywoodianas de figurar os gays como os seres mais éticos e "humanos" merecem brados de repulsa. As inconstitucionalidades da PL 122, o crescimento despótico da heterofobia, ou as multidões que se reúnem na apologia das causas gays contudo incapazes de reunir até pequenas multidões para vociferar contra, por exemplo, a corrupção devem ser constantemente alvo de críticas ou, pelo menos, de questionamentos.

Não obstante, tenho que criticar o que em minha percepção já se tornou uma neurose coletiva "cristã": a denúncia ou denuncismo (sem propósito) contra o homossexualismo.  

Não há dúvidas de que o deputado federal Jair Bolsonaro foi no mínimo grosseiro com os negros e os homossexuais em suas declarações em um dos quadros do CQC. Arrisco afirmar que ele é sim preconceituoso com negros e homossexuais. "Ele não entraria num avião pilotado por cotistas?" Eu mesmo sou contra um sistema que mina a meritocracia e é gerador de injustiças às avessas. Mas a estratégia escolhida por Bolsonaro para criticar o sistema de cotas é equivocada e um absurdo. E na tentativa de atingir Preta Gil acabou escolhendo mal as palavras. Difícil desfazer um estrago de grandes proporções (e repercussões) contra si mesmo. Mais assombrado fiquei com a defesa de "evangélicos" simpáticos às declarações do deputado do Rio de Janeiro. É o novo arauto do "evangelho" contra as causas de uma ditadura de minorias.

O problema com a denúncia anti-gay em voga é que ela parece não ser fundamentada no amor e sim na ogeriza, embora os "expoentes" da moralidade cristã digam o contrário. De Silas Malafaia a Júlio Severo, quase não vejo declaração de que os homossexuais também são focos do amor de Deus. Por mais que os discursos neguem, é raro constatarmos mensagens evangelísticas e acolhedoras que tencionem mostrar aos gays que Cristo pode mudar suas vidas, transformá-los em novas criaturas e em vasos de honra, que eles precisam arrepender-se e receber do Pai celeste a vida eterna. A ênfase na denúncia é tão grande, tão mais frequente, que qualquer outra palavra evangelística parece apenas um paliativo, um subterfúgio para camuflar a falta de amor.

Há um temor disseminado no Brasil de que se a agenda gay, como projeto satânico, prevalecer, será uma derrota da igreja.  A história prova o contrário. Foi em meio aos turbilhões persecutórios que a igreja mais cresceu e se fortaleceu em fé. "No mundo tereis aflições", disse o Senhor Jesus. Talvez se neste país houvesse mais perseguição religiosa aos genuínos cristãos, haveria menos espaço para heresias, e elas são muitas na crescente e cada vez mais esquisita igreja evangélica. Somente grandes empecilhos à pregação do Evangelho sufocariam ou estreitariam os dilatados espaços à apostasia em nosso país. É nos cenários mais desfavoráveis que a fé autêntica costuma prevalecer, agigantar-se, enquanto que a "fé genérica" não resiste aos confrontos logo desmoronando como imitação e fraude. Sou quase tentado à dizer: "que venha a perseguição!" Talvez assim tomemos vergonha na cara e estendamos a Grande Comissão aos homossexuais sem reservas.

Em retorno ao binômio denúncia x evangelização dos gays, é desejável um equilíbrio maior entre os dois. A enorme insistência apenas na denúncia, além de atrair uma desnecessária antipatia, talvez explique a enorme dificuldade que o povo de Deus tem para se aproximar dos homossexuais que, como qualquer pecador, também precisam do amor acolhedor que transforma. Denúncias contra os perigos da agenda gay devem ser feitas sim, mas que isto não se transforme numa cortina de fumaça que nos impeça de enxergar que os homossexuais também precisam ser recipientes do nosso amor e não do ódio que entra no coração sem ser percebido e contamina todo o nosso ser.

Em Cristo, nosso referencial que não faz acepção de pessoas e que nos ensinou a levar a mensagem de arrependimento a todos sem exceções.

Por Sandro Moraes

4 comentários:

Marcio Dantas disse...

Muito bela post Sandro, tinha também abordado este assunto ja alguns, dias pois acho importante falar sobre isso.

que Deus esteja com você e que te guie, até mais ^^

Sandro Moraes disse...

Oi Márcio, obrigado pela visita, também li o seu texto sobre o mesmo tema. Muito bom, gostei também da abordagem no artigo "Todos os caminhos levam a Deus". Parabéns, Deus te abençoe com pensamentos sábios.

Rosimeire Santos disse...

Muito boa essa reflexão! Nós, cristãos, devemos mesmo não aceitar a prática do homossexualismo. Contudo, devemos amar o homossexual, nunca odiá-lo; caso contrário, isso é sinal de que, assim como ele, ainda não conhecemos o amor de Deus.

Sandro Moraes disse...

Rosimeire, obrigado pela visita, volte sempre. Deus a abençoe!